PERGUNTAS SOBRE LESADO MEDULAR E BEXIGA NEUROGÊNICA
1. Quais os impactos da disfunção miccional nos pacientes com lesão medular?
A lesão medular provoca uma disfunção miccional denominada bexiga neurogênica. A bexiga neurogênica, dependendo do nível da lesão medular provocará um quadro de incontinência ou retenção urinária. Este quadro causa um impacto enorme não apenas na qualidade de vida, mas também na saúde geral devido às infecções urinárias frequentes, formação de cálculos (pedras) renais, podendo chegar, sem o tratamento adequado, a destruição da bexiga e dos rins; complicações que irão comprometer a recuperação neurológica e por em risco a vida deste grupo de pacientes.
2. Existem medidas alternativas para contornar ou minimizar esses impactos?
A principal orientação que um lesado medular pode receber é de procurar atendimento urológico o mais precoce possível.
O urologista introduzirá no tratamento o chamado cateterismo intermitente, que consiste na colocação de uma fina sonda no canal da uretra de 4 a 6 vezes ao dia para auxiliar o esvaziamento vesical. Associado ao cateterismo, algumas medicações podem ser introduzidas para ajudar a promover a continência.
As medicações podem ser orais ou injetáveis na bexiga como é o caso do Botox que uma vez aplicado promove a melhor resposta em relação à incontinência.
Em alguns casos, a lesão medular é incompleta e os pacientes não precisam do cateterismo, sendo a terapia medicamentosa e fisioterapia pélvica uma excelente opção.
3. Como isso afeta a vida social e a qualidade de vida dos pacientes?
Ao sofrer uma lesão medular, a primeira preocupação que ocorre é em relação à possível incapacidade de movimentação dos membros. Porém, as disfunções miccionais e sexuais em pouco tempo passam a ter maior impacto na qualidade de vida.
Pacientes que não controlam seus esfíncteres e/ou são incapazes de manter uma vida sexual adequada passam a sofrer demasiadamente com redução significativa da autoestima e em muitos casos isolam-se ou evitam novos relacionamentos.
Por isso é muito importante a procura pelo tratamento urológico que é capaz de resgatar o controle urinário e promover uma vida sexual prazerosa para o casal, auxiliando a reinserção social.
Se quiser destacar algo, fique a vontade
A sociedade precisa saber mais sobre a lesão medular para que não haja preconceitos e pensamentos equivocados a respeito dessas pessoas. Não é incomum acharem que eles não têm mais vida sexual, que não se divertem ou que não têm capacidade intelectual. O lesado medular pode e deve ter uma vida muito feliz! A prova disso são os atletas Paralímpicos, os advogados, médicos, estudantes entre outros que tiveram uma lesão medular e praticam seus esportes, namoram, têm relações sexuais com prazer, se divertem, dançam, enfim, levam a vida numa boa. E sabe por quê? Porque cuidam de sua saúde e aprendem que ter uma lesão medular não os incapacita de serem felizes.
Dra. Mônica Lopes
Fisioterapeuta especializada em Saúde da Mulher.
Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia em Saúde da Mulher (ABRAFISM)
Membro da Sociedade Internacional de Medicina Sexual (ISSM)