A conquista do prazer feminino é recente e faz parte de uma longa jornada através da história da sexualidade humana. Antes, a sexualidade humana sofreu erros fatais, como a de ser comparada à sexualidade dos animais, pela igreja.
Somente no fim do século XIX que Freud conceituou a sexualidade humana de forma ampla. Segundo ele, a sexualidade está presente desde o nascimento e se apresenta (diferentemente dos animais) como evolutiva, dinâmica e inesgotável.
Para as mulheres, a segunda metade do século XX foi decisiva para novas conquistas e descobertas a cerca deste assunto. A mulher, antes subjugada a um papel coadjuvante na relação sexual começou a sentir o deleite do sexo com prazer e sem a temida gravidez indesejada devido ao aparecimento da pílula anticoncepcional.
Apesar de todas estas conquistas ainda sofremos com a herança da sociedade patriarcal e da associação da sexualidade a preconceitos tolos e descabidos dos dias atuais. De outro lado, assistimos também que cada vez mais as mulheres aprendem a desvincular o sexo do amor e vivenciá-lo, muitas vezes, apenas na busca do prazer.
E de onde vem o prazer feminino? O complexo e misterioso prazer feminino possui três importantes e complementares pilares: o psicológico, o físico e o sócio cultural.
Mesmo com todo o avanço cultural, a mulher ainda precisa conhecer melhor suas zonas erógenas. É notório o desconhecimento de muitas mulheres a respeito das suas áreas íntimas, inclusive as ligadas ao prazer sexual, sendo o clitóris seu principal representante.
O clitóris é um órgão homólogo ao pênis, sendo a glande sua região mais evidente e externa. Embora bem menor que a glande do pênis (entre 2,5 e 4,5 mm), a glande do clitóris apresenta aproximadamente 8.000 feixes de fibras nervosas, tendo aproximadamente o dobro do número de fibras nervosas encontradas no pênis.
Masters e Johnson foram os primeiros a determinarem que todos os orgasmos fossem de origem clitoriana e mais recentemente a Dra. Helen O’Connell corroborou com eles em uma pesquisa que evidenciou a existência de uma relação direta entre as estruturas internas do clitóris e o ponto G vaginal.
Portanto, depois de conhecerem na teoria o poder deste órgão, aproveitem para conhecê-lo da maneira mais apropriada, que é na prática. Somente quando as mulheres tiverem a experiência do auto toque, da masturbação e do autoconhecimento é que se dará a melhor fase sexual, onde elas serão mais felizes e ainda por cima farão seus parceiros (as) mais completos (as), indicando o caminham por qual desejam ser conduzidas.
Dentro deste contexto, a mulher e seu (sua) parceiro (a) contam hoje com uma variedade de estimuladores clitorianos que além de serem importantes neste processo de conscientização corporal, apimentam e incrementam o prazer no ato sexual, algo bem simples de entender e por isso não merecem nenhum tipo de preconceito quando introduzidos nos eventos sexuais. Quando se pode estimular simultaneamente mais de uma via sensorial, é óbvio que o prazer será mais intenso e a satisfação será em dobro.
Resultado: mais felicidade para o casal e um dia inteiro pensando quando será a próxima vez.
Dra. Mônica Lopes
Fisioterapeuta especializada em Saúde da Mulher.
Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia em Saúde da Mulher (ABRAFISM)
Membro da Sociedade Internacional de Medicina Sexual (ISSM)